Motorista é condenado a mais de 12 anos de prisão por atropelar ciclistas


Ricardo Neis depõe nesta quinta-feira (24) em julgamento popular em Porto Alegre (Foto: Hygino Vasconcellos/G1)

No entanto, Ricardo Neis poderá recorrer em liberdade da sentença. Em 2011, ele atingiu de carro um grupo que pedalava em Porto Alegre. O bancário Ricardo Neis foi condenado a 12 anos e nove meses de prisão por atropelar ciclistas e ferir 17 pessoas em fevereiro de 2011 em Porto Alegre. O julgamento terminou na noite desta quinta-feira (24), e o júri popular decidiu acolher integralmente a denúncia do Ministério Público, de 11 tentativas de homicídio e cinco lesões corporais. Neis poderá recorrer em liberdade e não perderá o emprego, mas não pode mais dirigir.


O crime aconteceu no dia 25 de fevereiro de 2011. Por volta das 19h , Neis atingiu com o carro um grupo de ciclistas que participavam Massa Crítica, pedalada coletiva em defesa da bicicleta como meio de transporte, que costuma ser realizada na última sexta-feira de cada mês em Porto Alegre.
Neis ficou apenas um mês preso após o acidente. "Temos que ver que dentro da sentença existem dois crimes, e nesse caso, a primeira situação seria em execução de pena, o que não é o caso agora, iniciar por uma individualização, até porque foram denunciados como fatos, e esses fatos teriam que ser individualizados cada pena para um tipo, e dessa forma então já teria algumas questões que poderiam estar prescritas, que seriam as lesões corporais. Ele cumpriu atualmente 30 e poucos dias de prisão, então a questão de detração seria ínfima", disse o advogado.
A promotora Lúcia Helena de Lima Callegari afirmou que o Ministério Público vai recorrer para tentar elevar a pena. Já o promotor Eugênio Amorim diz que teme que o julgamento seja anulado pelo Tribunal de Justiça.
"Tenho muito medo de que esse processo está afeito à Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, que já tomou decisões inusitadas a este respeito, como dizer que aqueles que foram atingidos por outra bicicleta não foram vítimas de tentativa de homicídio. A Terceira Câmara tem feito coisas extraordinárias, e tenho muito medo de que, por não concordar com a decisão do júri, por algo déspota de desrespeito à decisão do júri, este processo venha a ser anulado. Espero que não seja", afirmou.
'Tenho o direito a viver', disse réu
O réu prestou depoimento na manhã desta quinta. Ele lembrou o trajeto que fez naquela noite em que havia uma pedalada de ciclistas no bairro Cidade Baixa. Ele deu sua versão de como a confusão começou.
"Um ciclista se aligerou, saiu da pista da direita e foi para a esquerda. Tive que parar de forma brusca. Houve um pequeno choque, felizmente sem lesões", relatou.
Em meio aos questionamentos de Lúcia Helena, Neis disse que não responderia mais. A decisão dele veio logo após Lúcia Cellegari perguntar se ele havia bebido meia garrafa de vinho e meia garrafa de absinto depois do atropelamento.
Como foi a sessão na quarta-feira (23)
Na quarta-feira (23), os trabalhos foram interrompidos após quase 10 horas de júri. Foram ouvidas 12 testemunhas – 10 da acusação e outras duas da defesa de Ricardo Neis.
Era esperada a participação de mais uma pessoa, apontada pela defesa do motorista. Entretanto, o homem que apareceu para depor - um perito criminal do Instituto Geral de Perícias - não seria o mesmo indicado, argumentou o advogado de Neis. Por isso, acabou sendo liberado pelo juiz.
Após os depoimentos das testemunhas de acusação, a promotora afirmou que os relatos se assemelham. "Relatam que foram surpreendidos com ação funesta e violenta do acusado", disse.
Já durante a tarde, outra testemunha de acusação, o advogado Dailor Sartori, 33 anos, disse que segue com trauma após o acidente. "Escutei um barulho muito forte. Senti um vulto nas costas. Fiquei com o pé imobilizado por um tempo. A primeira coisa que pensei: alguém morreu, não era possível... O trauma fica", comentou.
Após dar um depoimento, o vigilante Adilson Simonini Sieg, de 34 anos, questionou o juiz se Neis seria preso. "É o que estamos tratando aqui", respondeu o magistrado. "Hoje eu não ando mais de bicicleta. Usava a bicicleta para trabalhar. Levei pontos na cabeça e na perna", disse a testemunha.
Atropelamento coletivo de ciclistas ocorreu 2011 (Foto: Ricardo Duarte/Agência RBS)
Relembre o caso
O carro conduzido por Neis, um Volkswagen Golf, avançou sobre vários ciclistas que pedalavam pela Rua José do Patrocínio, no bairro Cidade Baixa, área central de Porto Alegre. Ele teria ficado irritado por ter a passagem bloqueada pelo grupo e avançou com o veículo para cima dos ciclistas.
A prisão preventiva do bancário foi decretada em março de 2011 e a liberdade provisória foi concedida no mês seguinte.
Em junho de 2012, ficou definido que ele seria julgado pelo Tribunal do Júri. A defesa de Neis recorreu ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que manteve o julgamento popular.

A defesa do bancário, então, recorreu ao Superior Tribunal de Justiça. Mas após um ano e meio, o processo retornou à 1ª Vara do Júri de Porto Alegre. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul disponibiliza uma linha do tempo com o passo a passo do processo contra o bancário.
O processo é acompanhado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pela Corregedoria-Geral da Justiça do Rio Grande do Sul (CGJ). A decisão foi tomada pela CGJ em conjunto com o magistrado responsável pelo processo.
O motivo, segundo o TJ, é que se trata de um processo de "relevância social", e o tribunal pretende conferir se a tramitação teria agilidade.
Fonte:DigitalCompany

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